Maximizando Patrimônios: Criptomoedas Como Estratégia de Diversificação

Pravatta
8 min readMay 17, 2024

O mundo é incerto e ninguém sabe tudo o que vai acontecer na economia, política, mercados financeiros, etc.
Vários eventos de alto impacto como cisnes negros podem assolar o mundo e mudar radicalmente o desempenho dos nossos portfólios.
Investir em ouro foi altamente lucrativo de 2004 a 2011 quando o ativo se valorizou 380% contra o dólar americano. Porém quem investiu em 1980 na commodity ficou no prejuízo em dólares até meados de 2006.

E falando em diversificação de portfólio, para quem investe no Brasil eu recomendo fortemente diversificar em ativos fora do Brasil e verificar sempre também o seu desempenho em dólares e não somente em reais.

De que adianta bater o CDI se a moeda brasileira se desvaloriza fortemente ao longo dos anos?

O desempenho do índice bovespa desde maio de 2008 foi um ganho de 75% em reais, conforme Imagem 1, porém em dólares usando o EWZ, ETF da BlackRock mais popular nos USA para representar a bolsa brasileira, o desempenho foi uma queda de 70% no mesmo período, mostrado na imagem 2.

Imagem 1 — Índice Bovespa de 2008 a 2024
Imagem 2 — ETF EWZ (empresas grandes e médias brasileiras) em dólares de 2008 a 2024

E mesmo o Indíce Bovespa em reais com ganho de 75% não corrigiu nem a inflação acumulada IPCA de 148% do período.

O Brasil sempre foi conhecido por ter historicamente um melhor retorno em renda fixa do que na bolsa brasileira e isso torna a diversificação ainda mais importante para o investidor brasileiro, que usualmente aloca mais de 50% do seu portfólio em renda fixa (Tesouro direto, CDBs, etc).

A realidade do investidor que investe nos USA é bem diferente e na terra do Tio Sam o portfólio mais conhecido é o 60/40, em que é bastante popular colocar 60% do investimento em ações e 40% em títulos do governo americano (bonds), pois os juros básicos são menores e o retorno da bolsa historicamente também é bem superior ao da bolsa brasileira.

E mesmo nos Estados Unidos muitos investidores já estão diversificando o portfólio com Bitcoin e criptomoedas.

Se o investidor brasileiro no mercado financeiro quer ter um portfólio robusto, diversificar virou até questão de sobrevivência, principalmente em investimentos que ganham do dólar ao longo do tempo.
E as criptomoedas certamente podem ajudar a conseguir esse desempenho.

Benefícios e riscos de incluir criptomoedas em portfólios de wealth management

Existem diversos benefícios de incluir criptomoedas em portfólios de wealth management.
A tecnologia Blockchain é uma tecnologia secular que tem o mesmo potencial de transformar o mundo em que vivemos, assim como foi com a criação da locomotiva, lâmpada elétrica, telefone, automóvel, computador pessoal e internet.
Tecnologias seculares tem potencial de atingir valorizações acima da média do mercado até atingir sua maturação.
Um exemplo disso é olhar o desempenho das ações de tecnologia da Nasdaq como Apple, Microsoft, Netflix, Amazon, Google, Facebook, Nvidia, entre outras nos últimos 15 anos.
Todas essas ações citadas acima estão ligadas com empresas das últimas tecnologias seculares que se desenvolveram: computadores pessoais e internet.

Como comparação o S&P500, índice das ações das maiores empresas dos Estados Unidos subiram 7,9x desde março de 2009 (Imagem 3), enquanto a Nasdaq US Tech 100, índice das maiores ações das empresas americanas da Nasdaq que são fortemente ligadas às ações de tecnologias, valorizaram quase o dobro disso, 17,8x no mesmo período (imagem 4).

Imagem 3 — S&P 500 de 2009 a 204
Imagem 4 — Nasdaq (US Tech 100) de 2009 a 2024

Incluir tecnologias seculares em portfólios pode ajudar a aumentar os ganhos consideravelmente.

O Bitcoin teve valorizações impressionantes desde a sua criação em 2009, sendo cotado atualmente a $65.000 dólares.
O Bitcoin inicialmente nem sequer tinha valor e ainda em 2010 era negociado por menos que 1 dólar.
Já o ETH, a moeda nativa da Blockchain Ethereum, a segunda maior do mercado, teve sua venda inicial em 2014 por $0,3 dólares e atualmente é negociado por aproximadamente $3000 dólares por ETH.

Outro fato interessante é que quem investiu nesses ativos e os manteve por pelo menos 4 anos, não teve prejuízo, independente de quando os tenha comprado.

E muitos analistas do mercado financeiro como Cathie Wood da Ark Invest, Arthur Hayes da Bitmex, investidores como Michael Saylor da Microstrategy, Robert Kyiosaki escritor do best seller “Pai Rico, Pai Pobre” e empresários como Jack Dorsey, fundador do Twitter já previram que o Bitcoin pode chegar ou superar a cotação de $1 milhão de dólares por BTC até 2030.

Criptomoedas tem uma assimetria maior do que qualquer classe de ativos atualmente.
E isso é explicado pelo fato de as criptomoedas serem uma tecnologia secular, assim como a internet.
Se observarmos o número de usuários de Bitcoin no mundo, atualmente o número está ao redor de 400 milhões de pessoas e a curva de crescimento está muito parecida com a da internet até 1999, conforme a imagem 5.

Imagem 5 — Adoção de Bitcoin comparado com a internet

Porém assim como qualquer investimento, também existem riscos.

Apesar de o Bitcoin e o Ethereum estarem sempre fazendo novas altas históricas a cada 4 anos aproximadamente, houveram vários momentos em que os ativos digitais tiveram grandes correções com quedas de até 80%, como ocorreu entre novembro de 2021 e novembro de 2022.
Essa classe de ativos também possui muita volatidade podendo variar mais de 20% em um único dia. Isso ainda falando em invetir somente em BTC e ETH, as duas maiores.
Existem mais de 10.000 criptomoedas no mercado, porém a grande maioria não tem uma proposta sustentável e irá falhar no longo prazo.
Das criptomoedas mais antigas, com mais de 8 anos, somente Bitcoin e Ethereum seguem fazendo novas altas históricas com o passar do tempo.

É possível investir em outras além de Bitcoin e Ethereum, porém a análise e gestão de risco precisam ser bem mais apuradas.
Existem empresas especializadas em análise de todo o universo cripto, como a Escola Cripto, a qual sou sócio, que analisa a fundo todo o ecossistema das Blockchains e cripotmoedas.

Além disso é muito importante escolher como investir, percentual do portfólio e garantir que os ativos ficarão armazenados em local seguro, seja com custódia própria ou com terceiros.

Estratégias personalizadas para diferentes perfis de risco

Existem dois fatores muito importantes para os investidores de wealth management que desejam incluir criptomoedas em seu portfólio:

  1. Definir quais as criptomoedas

Pensando em um portfólio conservador de criptomoedas, faz sentido pensar neste momento somente em alocação de Bitcoin e Ethereum, podendo variar a alocação entre 75% BTC e 25% ETH sendo mais conservador e 50%/50% para um perfil mais agressivo.
Para investir em outras criptomoedas recomendo se aprofundar mais em conteúdos específicos como o da Escola Cripto.

2. Definir o percentual do porftólio para alocar

Segundo Matt Hougan, CIO da Bitwise, desde 2018 os institucionais buscavam alocação em Bitcoin em até 1%, porém recentemente o mercado focado em wealth management começou a aumentar essa alocação para 3 e 5%, devido à maturidade do mercado. Entretanto, institucionais mais conservadores como fundos de pensão ainda estão mirando alocação abaixo de 1%.

Além disso uma maneira bastante interessante para mitigar risco e otimizar ganhos é a estratégia popularizada por Nassin Taleb, o porfólio Barbell.

A Estratégia de Barbell visa dividir o capital disponível para investir em dois grandes grupos. O primeiro dele será destinado aos investimentos seguros como títulos do tesouro governamental como o Tesouro Direto Ou bonds do governo dos Estados Unidos e deve utilizar entre 70% e 90% do dinheiro. O restante, entre 10% e 30%, deve ser destinado aos investimentos com alto risco, como ações e criptomoedas.

Investimentos de risco médio devem ser evitados, segundo essa estratégia.
Um exemplo que podemos considerar como investimento médio seria debênture de uma empresa privada.
Em teoria um debênture funciona como uma renda fixa que remunera acima do Tesouro Direto, CBDs, LCA e LCIs, porém já houveram casos em que a empresa pode dar calote e o investidor perder tudo ou quase tudo, como no caso do debênture da Rodovias do Tietê.

A estratégia Barbell pode acomodar diversos perfis variando o percentual de ativos de risco como ações e criptomoedas somados entre 10 e 30% do portfólio.
Além disso é possível usar Derivativos como Opções para montar estratégias de hedge para proteger o portfólio tanto de ações quanto o de criptomoedas contra volatilidade ou mesmo grandes quedas no mercado financeiro.

Histórias de sucesso de investidores que diversificaram com criptomoedas

O caso de sucesso mais conhecido atualmente é a do Michael Saylor, que começou a investir em Bitcoin em 2020 para si próprio e para a empresa que fundou e também ocupa o cargo de CEO, a Microstrategy, conforme imagem 6.

Imagem 6 — Michael Saylor anunciando nova compra de Bitcoin pela Microstrategy

Como a empresa vem comprando Bitcoin frequentemente desde meados de 2020, o preço médio atualmente é de $35.180,00 USD por Bitcoin, a empresa possui 214.000 Bitcoins e está com um lucro não realizado de aproximadamente $6,4 bilhões de dólares.

Outro exemplo que virou grande defensor da Bitcoin, Ethereum e também novas tecnologias Blockchain como NFTs (tokens não fungíveis) é Marc Cuban, bilionário americano que participa do Shark Tank e também é dono do time de Basquete da NBA Dallas Mavericks.

E a lista de grandes investidores em Bitcoin e tecnologia blockchain não para de crescer desde 2013.
Dois grandes entusiastas de criptomoedas, os irmãos Winklevoss, co-fundadores do Facebook, fizeram fortuna ao investir em Bitcoin há mais de 10 anos e ainda lançaram Corretora própria, a Gemini. Eles se tornaram os primeiros bilionários conhecidos com o Bitcoin ainda em 2017.

Elon Musk também investiu em Bitcoin em 2021 e ainda adquiriu o ativo para as empresas Tesla e SpaceX.
E o valor não é pequeno. As carteiras da Tesla e SpaceX que foram identificadas possuem somadas cerca de 20.000 BTC, o equivalente a mais de $1 bilhão de dólares, na cotação atual do Bitcoin de cerca de $65000, enquanto escrevo esse artigo.

Conclusão: Recomendações para a incorporação segura de criptomoedas em estratégias de investimento.

Portanto as criptomoedas podem ser ativos muito importantes para diversificar portfólios, maximizar ganhos e ainda diversificar em ativos que não são afetados pela desvalorização do real, a moeda brasileira.

Existem diversas estratégias para os mais variados perfis de risco.
O recomendado é iniciar com Bitcoin e Ethereum e conforme for maior o apetite de risco do investidor também é possível investir em ativos com mais assimetria por serem mais novos, porém o risco aumenta.
A maneira mais simples e segura atualmente para clientes de wealth management que desejam se expôr a essa classe de ativos é via ETFs de Bitcoin e Ethereum.
No caso dos ETFs existe maior clareza regulatória e um custodiante que segue as regulações da CVM, se for no Brasil ou da SEC, se for nos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos atuamente só existem ETFs à vista de Bitcoin mas no Brasil também estão disponíveis de Ethereum e outros ativos menores em corretoras brasileiras.
Para usuários entusiastas com mais experiência, como é o caso do Marc Cuban, também é possível fazer custódia própria dos ativos e até interagir no Ecossistema do DeFi, as finanças descentralizadas. Essas com certeza são as grandes vantagens desses ativos digitais escassos e desse ecossistema que estão revolucionando a maneira como interagimos com as finanças no mundo.

--

--

Pravatta

Cripto Analista Estrategista | Engenheiro Eletrônico entusiasta de economia, tecnologia e criptomoedas https://meulink.fit/fFznSKXqLoyJRuj